quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

FONETICA E FONOLOGIA: QUE DIFERENÇA?

Fonética e Fonologia: Que diferença?
A Fonética

O estudo da fonética e da fonologia de uma língua é a descoberta da sua face exterior, a análise daquele nível a que temos acesso quando ouvimos alguém falar ou quando nós próprios produzimos fala; é, enfim, o estudo dos sons da língua. Note-se que o funcionamento das línguas é estudado sobre os dados da sua produção oral e não assenta, portanto, predominantemente sobre a escrita, embora possa fazer referência episódica a aspectos ortográficos. A sensação que os falantes alfabetizados têm de que as questões ortográficas são as questões linguísticas prioritárias advém de a alfabetização se processar nos primeiros anos escolares e ser rapidamente interiorizada, além de constituir, muitas vezes, o aspecto sobre que incide prioritariamente a aprendizagem escolar da língua. Mas qual é a diferença entre fonética e fonologia se ambos os estudos procuram analisar e explicar os sons de uma língua?
A fonética descreve os aspectos articulatórios e as propriedades físicas de todos os sons que ocorrem na produção linguística (o nível de superfície, a “face exposta” de uma língua). A fonologia estuda os sons que têm uma função na língua e que permitem aos falantes distinguir significados.

A Fonética
O estudo da Fonética ocupa-se da produção, da transmissão e da percepção dos sons da fala, dividindo-se, de acordo com o seu objecto, em fonética articulatória, acústica e perceptiva. Nesta apresentação são consideradas apenas as propriedades articulatórias e as propriedades acústicas dos sons.

As propriedades articulatórias
Quando o estudo dos sons tem em conta a posição e o movimento dos articuladores estamos no domínio da fonética articulatória. Deste ponto de vista, devem considerar-se os seguintes aspectos:
• O som é produzido pela pressão exercida pelos pulmões que são uma fonte de energia e colocam em movimento as partículas do ar neles contido. O ar passa então pela laringe, na qual se encontra um orifício, a glote, onde se localizam as cordas vocais que, ao vibrarem, actuam como uma fonte sonora. Os sons produzidos com vibração das cordas vocais são vozeados (ou sonoros) – as obstruintes sonoras (oclusivas e fricativas), todas as vogais e as consoantes nasais e líquidas (laterais e vibrantes).
• Em seguida, o ar entra na cavidade bucal que actua como uma caixa de ressonância. Nesta cavidade, os articuladores activos, com mobilidade – lábios, língua, palato mole ou véu palatino, e a úvula – e passivos, sem mobilidade – palato duro, alvéolos dentários e maxilar inferior –– têm funções na definição do som que o falante pretende produzir (vogais, semivogais e consoantes). Se o ar passar também pela cavidade nasal por abaixamento do véu palatino produz-se um som nasal, quer consoante (como [m] ou [n]) quer vogal (como [õ] ou [ɐ͂]). O conjunto dos órgãos do aparelho fonador que se encontram acima da laringe constitui o tracto vocal.

As Vogais
As configurações de produção dos sons determinam, no que respeita às vogais, a altura (altas, , médias [e, ɐ, o] ou baixas [a, ɛ, ɔ]) e o ponto de articulação (anteriores ou palatais, [i, e, ɛ], centrais, , e posteriores ou velares [u, o, ɔ]). As vogais do Português também podem ser classificadas em relação à posição dos lábios: arredondados na produção de [u, o, ɔ] e não-arredondados na produção das restantes vogais.
Se o véu palatino se abaixar durante a pronúncia do som, a vogal adquire nasalidade. As vogais nasais no Português Europeu são apenas altas e médias (o também não pode ser nasal). Veja-se o Quadro 1 que representa as vogais orais e nasais do PE (norma--padrão). No quadro estão marcados a altura e o ponto de articulação.

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